Dicionário Espírita em Libras é lançado em Belo Horizonte.
A acessibilidade dos surdos nas Casas Espíritas ganhou uma importante ferramenta: o Dicionário Espírita em Libras, que foi lançado pelo Grupo de Estudos Surdos Espíritas (GES) e Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla (Gfeis) no último dia 8 de dezembro.
O dispositivo foi apresentado ao Movimento Espírita durante o 4º Encontro Nacional de Surdos e Ouvintes Espíritas (ENSOE), que aconteceu nos dias 8 e 9 últimos nas sedes do Gfeis e Casa Espírita André Luiz (Ceal), em Belo Horizonte, e reuniu mais de 100 ouvintes e surdos espíritas de vários estados brasileiros.
Trata-se de um site que abriga cerca de 350 verbetes espíritas na língua portuguesa e suas respectivas traduções em Língua Brasileira de Sinais (Libras), cuja visualização se faz na plataforma de vídeo.
“O dicionário é resultado de uma pesquisa científica que durou quatro anos e surge da necessidade de trazer a qualidade da tradução e interpretação em Libras nas Casas Espíritas. É uma situação pioneira e que demanda maior envolvimento de pessoas para conhecer e trabalhar com a interpretação correta da Libras nas instituições espíritas para o público surdo”, explica a Coordenadora do GES, Heliane Carvalho.
De acordo com ela, o Dicionário foi desenvolvido sem fins lucrativos, é gratuito e estará acessível a todo o Movimento Espírita em um prazo de 15 dias, necessário para os ajustes técnicos finais. A UEM disponibilizará em seu site e nas redes sociais o link para a ferramenta.
4º ENSOE
O lançamento do Dicionário Espírita em Libras acontece também em meio a um pioneirismo: é a primeira vez que Minas Gerais sedia o Encontro Nacional de Surdos e Ouvintes Espíritas (ENSOE).
O evento foi promovido pelo GES e Grupo Scheilla, e teve o apoio da União Espírita Mineira (UEM), representada pelo seu Vice-Presidente, Marcelo Gardini, da Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte (AME-BH) e da Federação Espírita Brasileira (FEB).
O objetivo do Encontro é promover o debate sobre a implementação de políticas públicas de
Inclusão e Acessibilidade aos surdos brasileiros nas Casas Espíritas, e ampliar os diálogos entre as Federativas, Instituições Espíritas e a Comunidade Surda.
Debate extremamente importante na opinião do participante Alexandre Melendes, surdo espírita que veio de São Paulo. “Eu vejo espíritos desde os 3 anos de idade e sabia que precisava de um esclarecimento. Passei a procurar por casas espíritas, mas nenhuma era adaptada às minhas necessidades. Um dia, conheci uma fonoaudióloga que passou a traduzir as palestras em Libras para mim, e percebi a importância da conscientização das pessoas para essa questão”, relatou.
Ronise Oliveira, surda espírita do Rio de Janeiro, também acredita na conscientização. “A maioria dos surdos desconhece o Espiritismo, confundindo com macumba ou coisas ruins. Mal sabem que é uma doutrina de amor, de Jesus e de perdão. Por isso, é importante ampliar a acessibilidade para que conheçam de fato a essência da nossa Doutrina”.
O 5º ENSOE será realizado em 2019 na cidade de Curitiba, no Paraná, com data a ser definida.